Heróis com Pé de Barro - Parte I
Prólogo
Essa história se passa imediatamente após os eventos ocorridos em O Ouro de KSC Tomo 2
. Após tensa rodada de negociações com um personagem obscuro mas de importância estratégica no Salvamento, Tatiana sente que precisa se informar com Eugene sobre o passado deste controverso personagem - o considera um risco para a missão, para si e até para o Kentágono.
Kubrak
Tatiane: __ Eugene, essa história toda é muito tocante (e estou sendo sincera), mas não explica como alguém do Kentágono ou Kremnlin não derrubou esse cara ainda. Você deixou bem claro que esse maluco é capaz de passar a mão em partes altamente classificadas das Forças Armadas de Kerbin, e também de outros Reinos! E eu lhe garanto que nenhuma destas Forças é estúpida, negligente nem está preocupada com a vida amorosa de ninguém!
Eugene: __ Essa informação pode nos custar a vida, e eu não falo dele - esse Kerbal tem orgulho de sua participação nisso, e adoraria poder falar abertamente sobre o assunto. Ele é tudo, menos modesto.
Dando um longo suspiro ("Estúpido e teimoso"), Tatiana vai até o bar, pega uma garrafa de Kourkon já bem além da metade ("Krakens, estou transformando todos ao meu redor em ébrios.") e serve dois copos - um para si e silenciosamente oferece outro para Eugene, que silenciosamente aceita. Apreciam o Kourkon por alguns minutos, e então:
Tatiana: __ Ok, sem registros e totalmente pessoal. A Comandante acaba de pular a janela e foi Brincar nos Campos do Senhor, sou apenas Tatiana pelos próximos 60 minutos - ou enquanto durar essa garrafa, o que terminar primeiro.
Eugene: __ Me conte o que você sabe sobre a Krise de Krubak...
Tatiana, entre desconfiada e perplexa, decide jogar com Eugene. Dá um pequeno gole em seu copo, insinua que espera que Eugene faça o mesmo, e quando é obedecida, começa:
__ Quase entramos em uma Nova Guerra. Ainda medíamos forças bélicas com Krússia e Kásia nessa época. A Krússia estava bem à frente de todo o resto na Korrida Espacial, e sabemos que quem é capaz de colocar um satélite em órbita, é capaz de deorbitar bombas onde bem entender.
Após mais um gole:
__ Krússia e Kásia disputavam Krubak para uma plataforma de lançamento de foguetes, mas a posição de Kubrak a fazia estrategicamente perfeita para uso militar - contra nós. De alguma forma, alguém conseguiu montar uma base de lançamento muito bem escondida por lá e, de alguma outra forma, outro alguém descobriu e entregou para todo mundo. Os Reinos Unidos de Kerbin responderam à ameaça, julgávamos que vinha da Krússia.
Parou para pensar, deu mais um gole, olhou para o copo de Eugene e em seguida para o próprio Eugene, que entendeu o recado de também bebericou seu copo, e continuou:
__ Bom, vinha e não vinha. Kásia conseguiu convencer o então Regente de Krubak à ceder o local para ela - Kásia estava muito atrás de todos nós na Korrida Espacial e queria a posse da base para forçar negociações. Funcionou, pois convenceu Krússia à equipar a base em troca de Snacks, muitos Snacks - algo que sempre fez falta à Krússia, a geografia deles é péssima para a agropecuária. Mas não sabíamos desse arranjo, e fomos pra cima da Krússia com sangue nos olhos quando identificamos a origem de todo aquele equipamento espacial.
__ A coisa escalou, porque a Krússia se sentiu agredida injustamente (e com alguma razão - mas eu não disse isso). Kásia ficou calada (como sempre), aquele linha dura do Kladimir já estava no poder e esse Kerbal nunca entrega um aliado. Vivo, ao menos.
__ Fizemos um bloqueio naval à Kubrak, que era uma importante fonte alimentar da Krússia. Kladimir interveio, porque o bloqueio estava colocando a segurança alimentar da Krússia em cheque.
Após uma pausa, que usou para servir novamente Eugene pois percebera que seu copo já estava vazio:
__ Um erro terrível, um erro que havíamos prometido à nós mesmos nunca cometer. Foi a Fome que levou à Grande Guerra, e foram os Snacks que a terminaram. Aquele bloqueio custou muito caro ao Kentágono, estivemos perto de deixar de exi... - calou-se subitamente, essa informação era classificada.
Aproveitou a gafe para servir-se também.
__ De um jeito ou de outro, enquanto Krússia e nós mostrávamos nossos dentes uns aos outros, um satélite (e nunca soube se nosso ou krusso) detectou radiação de plutonium em Kubrak, e isso deixou todo mundo absolutamente apavorado. Sabemos do tremendo poder potencialmente destrutivo da fissão nuclear - e achar indícios deste poder na mesma área onde fomos informados que haviam construído uma base lançadora de foguetes? Inadmissível!
Fez uma pausa para bebericar, e concluiu:
__ Krússia aparentemente concordou conosco (e foi aí que descobrimos o envolvimento de Kásia), mas os detalhes disso tudo estão além do meu Nível de Acesso, e o pouco mais que sei está além do seu.
Percebeu que Eugene já tinha terminado seu segundo copo, obviamente estava buscando no Kourkon a coragem para falar sobre o assunto. "Bom, eu também precisarei de um bocado dessa coragem" pensou consigo mesma, terminou seu copo e serviu à ambos mais uma dose. Dupla.
Eugene: __ O plutonium foi descoberto por um civil, que prestava serviços para a Kásia. Ele... "instrumentou" um dos satélites meteorológicos de um cliente e o usou cautelosamente para confirmar a hipótese que ele intuiu ao analisar as possíveis finalidades do equipamento e matéria prima que estava contraban... digo... fornecendo à Krubak. Isso lhe custou um bocado de Fundos. O Kremnlin recebeu, sigilosamente, acesso à este satélite exatamente no auge da Krise, e sob a confirmação desse grave fato confrontou a Kásia por ter colocado em risco a sua segurança alimentar. Duas vezes, porque plutonium e agropecuária não se misturam.
Parou para bebericar também, no que Tatiana - já se sentindo mais "corajosa", e já sabendo que não precisava se preocupar muito com Níveis de Acessos, Eugene demonstrou conhecer mais do que ela sobre o que estavam falando - emenda:
__ Então foi por isso que a Armada do Kremnlin ofereceu trégua poucos minutos depois de se posicionar para começar o que seria a Batalha Naval de uma Era?
Eugene confirma silenciosamente com um aceno grave, então beberica ainda uma outra vez. Tatiana se adianta, e lhe completa o copo antes mesmo que Eugene consiga devolvê-lo à mesa.
Eugene: __ Alguém de Kásia entrou em pânico, e o que você deve saber mas não pode me dizer é que... MÍSSEIS FORAM LANÇADOS.
Fez uma pausa dramática, mas no fundo queria era disfarçar um pouco os efeitos que o Kourkon já estava fazendo. "Essa kerballete é de ferro? Ela faria frente à Jeb e Bill, pelo Amor do Kosmos..."
Eugene: __ Só que, misteriosamente, o combustível sólido usado nos foguetes tinha "ISP demais", os equipamentos de processamento e operação "não detectaram" o problema e esses mísseis acabaram numa órbita de fuga de Kerbin! Calculamos que mergulharam todos em Kerbol, mas só teremos certeza absoluta em alguns anos quando os que eventualmente não o fizeram estiverem próximos o suficiente para serem detectados (ou não!) pelos nossos radares quando nossas órbitas sincronizarem de novo.
__ Não explodiu nenhum, pois isso nós do KSC teríamos detectado. E sim, estamos monitorando. Também.
Tatiana: __ E como você sabe disso tudo? - perguntou, mas já intuindo que sabia a resposta...
Eugene: __ Eu tenho o privilégio de ter sido amigo do mercador negro que forneceu à Kubrak a matéria prima deste combustível sólido, bem como o equipamento que foi usado no processamento do plutonium. E que também chuta um satélite ou outro para a órbita de Kerbin quando está entediado... - disse Eugene, sorrindo com orgulho genuíno.
Tatiana: __ Esse cara, definitivamente, tem uma boa chance comigo! - exclamou Tatiana, desfazendo parte do sorriso de Eugene.
Após uma ainda outra pausa, onde apreciam o Kourkon e refletem no que os aguardam nos dias seguintes...
__ Gene, você têm um foguete de mil e quinhentas toneladas para "chutar" até Mün e não tem partes para a tarefa, e eu tenho que controlar um mercador negro que mete o bedelho em crises nucleares internacionais e é o único capaz de fornecer tais partes, possivelmente roubadas do meu "chefe" - e de outros "chefes" por Kerbin inteira. E nenhum deles recebem muito bem a notícia de que foram roubados...
Vai até o bar, pega uma garrafa ainda lacrada de Kourkon, e completa enquanto volta:
__ Ambos precisamos de uma boa companhia para uma boa bebida - e nenhum de nós pode correr o risco de abrir o bico com mais ninguém. Que os Krakens carreguem a Hierarquia e os Níveis de Acesso, eu sugiro que fique. O que me diz?
Eugene nem cogita em questionar o que considerou um magnífico silogismo. "Ela tem seus momentos".